sábado, 6 de julho de 2013

A história habitual - II

Começou logo tudo mal com a entrega. 

Só um aparte que serve de introdução: se há bem pelo qual eu tenho uma infindável estima esse bem chama-se tempo. Para mim, tempo vale muito mais que dinheiro. A segunda coisa que mais odeio é perder tempo, a coisa que mais odeio é que a incompetência de outros me faça perder tempo. Fico doido! É assim, para mim, no trabalho, e é assim de forma ainda pior na minha vida pessoal, onde o tempo é ainda mais valioso. Tenho para mim que desorganização e incompetência estão muito muito próximas em significado porque, lá está, ambas conduzem à perda de tempo.

A juntar a isto, como maximizo ao máximo todas as férias que tiro (fazendo trocas para que cada semana de férias se transforme, efectivamente, em 11 dias fora daqui), quando estou em Inglaterra trabalho quase todos os dias. Normalmente faria 50 horas por semana. Com estas trocas, acabam por ser semanas de seis dias de trabalho: 60 horas. O que faz com o tempo livre seja pouco e por isso tenha ainda mais valor.

Posto isto, escolhemos o setting de jardim na internet, encomendámos, pagámos e acordámos o dia da entrega. Explicámos com infindável detalhe que a entrega tinha que ser feita de manhã porque nesse dia eu ia trabalhar das 12h30m às 22h30m. Garantimos que a pessoa do outro lado percebia. Nem que tivesse um atraso mental. Chegou o dia e os gajos não apareceram. Perda de tempo. Azia.

Combinou-se outro dia. Vanessa em casa o dia todo: não apareceram. E o mal é que o pagamento já tinha sido feito, senão pedia-lhes amavelmente para colocarem as cadeiras e a mesa onde o Sol não brilha.

Mail para cá, mail para lá, arranjou-se outro dia. Eu ia estar em casa de manhã e a Vanessa chegava às 14h00m. De manhã: nada. Fui uma hora a casa, das 15h30m às 16h30m: ainda não tinham aparecido. Cheguei à farmácia, pedi ao Swaib para ficar mais cinco minutos e fui para cima deles. Liguei aos gajos da entrega:

- " Nome? "
- " Vanessa Vieira. "
- " Pois... Isso hoje já não dá, mas amanhã..."
- " Amanhã o quê?? Entrega o quê, quando? O cara***! Está a ouvir? O cara***. Ouça, ou vocês entregam essa m**** hoje ou escusam de entregar. É o terceiro dia que está alguém à vossa espera de propósito. Os dois primeiras demos de borla. Hoje se não entregarem, não entregam mais. Podem pôr esse m**** onde quiserem. E o dinheirinho é para vir todo. Tenho mails a provar a vossa incompetência. Vocês andam onde? Bristol? Então quando acabarem vêm por aí acima e deixam as coisinhas lá em casa. Senão é como lhe digo, não entrega mais. "

No fim, pedi desculpa ao pessoal da farmácia porque, embora estando lá a um canto, o tom e algum conteúdo acabaram por ser audiveis, por alguns deles.

E os gajos entregaram, de facto, passado umas horas. Mas os problemas continuaram.


Um cambuta que também valoriza bem o seu tempo e não teve tanta paciência como eu

1 comentário:

Eugénio disse...

Estás a ficar inglês, é o que é.