sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A falha

Está a terminar o ano Tesco e como tal, na última semana, tenho andado a fazer a avaliação anual e individual de cada membro da equipa. Sentamo-nos durante uns quinze minutos, avaliamos cada indicador de performance da farmácia, eu vejo se eles percebem como somos avaliados e em que ponto estamos em cada indicador, eles fazem uma auto-avaliação ao último ano, eu comento-a e faço uma hetero-avaliação, estabelecemos objectivos e compromissos para os próximos doze meses e falamos de uma forma formal de algo mais que seja tema.

Vem este post a propósito de, numa destas avaliações, me ter sido dito algo que já não é a primeira vez que ouço. Algo que já me tinham dito na Lloyds (na altura foi uma superior que o disse mas tinha-lhe sido reportado por um membro da equipa). 

Foi-me então dito que, enquanto manager tenho muito paciência para explicar tudo, tenho muito controlo sobre o que se faz e os procedimentos que crio são fáceis de entender e seguir. No entanto, há uma coisa em que falho: não elogio tanto como seria de esperar aqueles com quem trabalho, não lhes agradeço/reconheço o esforço com regularidade e não os congratulo o suficiente quando atingem algo. 

Confesso: revejo-me nisso. Não estão a ser injustos. Os gestores ingleses elogiam toda e qualquer acção bem sucedida das equipas. O meu chefe, por exemplo, agradece o mínimo successo que qualquer um dos seus managers atinja. Eu não sou assim. Talvez por ser super-confiante no que faço,  passa-me ao lado se me elogiam ou não. Eu sei o que faço e ponto final. Como consequência, de facto, acabo por não agradecer/elogiar toda e qualquer acção daqueles com quem trabalho. 

Lembro-me quando estive em Burnham, que muitos dos managers do supermercado me vinham agradecer o empenho e o facto de lá estar a ajudar a abrir a Farmácia. Sem falsa modéstia e com 100% de honestidade só lhes dizia que não tinham que agradecer, que aquele era o trabalho que me tinha dado e eu só tinha de o fazer. O agradecimento só o quero ao fim do mês. E nesse é que não podem falhar. 

Comprometi-me, no entanto, a rever este aspecto (já que não era a primeira vez que mo apontavam) e garanti que ía passar a tentar elogiar mais vezes aqueles com quem trabalho, em especial as pessoas que menos autoconfiança exibem.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

2cm de problema

A palavra "problema" é relativa. É como "ter fome". Quando eu digo que tenho fome é relativo. A fome que eu alguma vez tive não se compara à fome que muita gente no mundo tem. Da mesma forma quando eu digo que tenho um problema, é relativo. Felizmente, os problemas que me apoquentam são infimamente ridículos quando comparados com os problemas que afectam  muita gente.

Posto isto, tenho um problema.

Os dias estão a começar a amanhecer mais cedo e o Sol nasce cada vez mais forte, mesmo no UK. A juntar a isto, o nosso quarto tem a janela precisamente virada para o lado nascente, esta gente não usa persianas e o estore que colocámos deixa dois cms de cada lado. Conclusão: todas as manhãs, caso não esteja a fazer semana de acordar às 05h30m, levo com o Sol nos olhos bem cedo.

Eu sei que temos de pôr cortinados no nosso quarto e no do lado, onde o problema é semelhante, mas se eu me meto nisso destruo mais um bocado da casa e nós um dia ainda queríamos vender a coisa. Por outro lado, arranjar alguém para fazer o trabalho embora garanta dez vezes mais qualidade, implica desperdiçar uma folga que, até Maio, não existe, pois todas foram cuidadosamente planeadas para me permitir ir a casa daqui a duas semanas outra vez, assistir a dois concertos e potenciar ao máximo a semana de férias que tenho com a Vanessa, em Março. Ou seja, até Maio nada a fazer. Estamos destinados a acordar cedo todos os dias.

Eu disse que o problema era relativo, para não lhe chamar fútil. Estou mesmo a ficar sem assunto para manter este estaminé.
a


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Esmifrado

O Tesco dá aos farmacêuticos das melhores condições do mercado, pelo menos comparando apenas as grandes companhias. Mas esmifram um gajo todinho. To - di - nho.

Hoje, foi "daqueles" dias. Não vou detalhar tudo porque falar em dois MURs, dois noivos NMSs, duas EHC ou na papelada que isto envolve é chinês. Mas acreditai que, entre funções de farmacêutico, papelada de serviços, novas tarefas que a companhias mandou, mail do chefe, receitas para checar e pessoas para servir (convém não esquecer delas) foi daqueles dias em que faltou tempo e mais dois braços tinhas dado jeito. 

Mas dizia eu, foi "daqueles" dias em que, para ajudar à festa, o chefe me ligou às 10 da manhã e a primeira pergunta que fez foi "Então, André, estás bem?". Odeio que me digam isto. É a típica pergunta do típico gestor inglês a tentar construir "rapport" (ligação) completamente falso, completamente dos livros, para daí a uns segundos estar a pedir um favor ou a mandar-te trabalho. Todos aprenderam na mesma escola. E eu odeio o falso interesse que pretendem demonstrar. Preferia que ele me ligasse e em vez dos primeiros 30 segundos de conversa de chacha e silêncios incómodos me dissesse logo o que é preciso fazer.

Enfim... Lá disse. Basicamente, eu tenho um grupo de dez farmácias em que o meu chefe quer que eu faça a gestão de uma importante fonte de rendimentos: os NMS. Trata-se de um serviço que envolve alguma organização já que é feito em diferentes fases, ao longo de três semanas, com os utentes. Precisa que cada Farmácia tenha um sistema que lhe permita ter controlo sobre o ponto em que está cada utente no serviço para assim finalizar atempadamente o máximo de NMSs possível e assim gerar o máximo de lucro possível. E o que é que ele queria hoje? Até ao final do dia, um pequeno relatório sobre a situação de cada uma das minhas dez farmácias, a minha opinião sobre o quão em controlo cada uma está neste serviço, sobre que tipo de organização criaram para se manter em controlo, uma previsão de quantos novos NMS iniciariam esta semana (pergunta estupida, pura especulação) e quantos acabariam esta semana. Bom... Se o dia ia ser o que ia, pior ficou.

E comecei eu a escrever isto, porquê? Não tenho a certeza mas acho que teve a ver com o facto de serem 23h30m e eu ter aberto o mail do trabalho para ver se uma coisa que a Vanessa me enviou tinha chegado e começar a ver mails do chefe a cairem. Onze e meia! Faltam duas semanas e meia para o final do ano Tesco: aposto que o homem nem dorme!