quinta-feira, 26 de abril de 2012

TEDx Cascais

Só dois vídeos, dos muitos que populam o Youtube,  do recente TEDx que decorreu em Cascais. Um sobre mudança política, outro (um pouco idealista mas que, ainda assim, eu adoro ver) sobre postura perante a vida.


"Será possível resolver o problema da U.E. numa folha A4?"


"Tira-se o hífen"

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Adenda ao post anterior



Comecei a responder aos comentários do post anterior mas a coisa ficou grande demais para comentário e tem conteúdo para ser um post próprio. A saber:

Cesarini - 'Tou feito um chorinhas! Porra... Quase três posts a carpir mágoas. Qualquer dia ainda me apanham a dizer que  não gosto disto ou, pior, que o Benfica perdeu o campeonato por causa dos árbitros. O que efectivamente se passa é que, além de ainda estar na fase de adaptação, também andei dois ou três meses a construir a ideia de que isto agora ia ser "à rei". Achava que chegava lá, não havia nada para fazer, lia umas coisas, mandava uns bitaites e, ao fim do mês, "dá cá o meu". Ora não é. E nem podia ser.

Eugénio - Além de ser o início e da ideia peregrina de achar que isto ia ser "à rei", acho que o timming da mudança também não me favoreceu. Início de Abril, no UK, igual a mudança de trimestre e, principalmente, novo ano fiscal. Tenho tido muito trabalho extra por causa disso: tive que apresentar esta semana um relatório, à PCT, sobre  os MURs e NMSs do 4º trimestre de 2011/2012. Não sei se também vos exigem isso aí, mas aqui a PCT quer saber quantos MURs fizemos de cada grupo e em quantos o paciente tirou benefícios relativamente a uma série de parâmetros. E para os NMSs querem sabem quantos pacientes foram recrutados, quantos abandonaram na "Intervention", quantos abandonaram no "Follow-up", quantos foram concluidos e em cada fase mais uns 5-6 valores. Não é dificil de fazer e já estamos a usar umas tabelas para passarmos a recolher isso diariamente (rato velho: tinha  sacado da Lloyds, antes de me vir embora). O problema é que nos últimos meses ninguém fez isso portanto tive que recolher estes dados todos de uma vez. 

Depois, a PCT também quis, até final desta semana, um relatório sobre todos os erros e queixas que a farmácia teve em 2011/2012 e um resumo dos procedimentos mudados para os evitar. Depois, como é início de ano fiscal vou ter, em breve, uma auditoria interna sobre gestão de stock e dos 6-7 procedimentos avaliados, dois ou três não eram seguidos. Portanto tive de os implementar, arranjar papelada e explicar a todos. Como estou a começar, e há muita coisa nova que acho que deve ser discutida (o que vai organizar o trabalho no futuro) achei que tinha de ter uma reunião individual com cada membro da equipa para debatermos ideias, decidirmos procedimentos, analisarmos os números do ano passado (que acabaram de chegar) e vermos os targets deste ano. Não é dificil trabalhar comigo e acho que comecei bem com a equipa, mas era preciso sentarmo-nos 15 minutos sem nada à nossa volta só para "limar arestas". 

Ao mesmo tempo, toda esta semana tive locums a cobrir as minhas horas para eu fazer tanto treino qaunto possível. Ao preço que se paga esta ajuda extra, tinha de aproveitar ao máximo. Já fiz PGD de Travel Health e de Erectyle Disfunction e já posso dispensar Malarones e Viagras, pelas PGD, sem receita. O Tesco tem um site enorme de treino e formação: já fiz para lá uma série de pequenas formações sobre gestão (tem para lá assunto que nunca mais acaba). Depois tenho um parâmetro, chamado "Integração", que avalia a minha capacidade de integrar a farmácia no supermercado onde está inserida. Basicamente, avalia as relações que construo com o Director do Supermercado (SD), o Gestor de Stocks, o Gestor de Pessoal, o Gestor de Clientes e mais uns três ou quatro, se participo nas reuniões gerais do supermercado, se o SD está a par dos nossos números, se chateio quem tenho de chatear e se não fico lá só no meu guettozinho. Portanto tive que aproveitar a semana para dar atenção a isto... se calhar noutras semanas, sem cobertura, fica mais dificil. E pelo meio, tive que preparar uma reunião intermédia com o meu chefe directo (o RPM).

Tudo isto para dizer o quê? Para me vangloriar? Claramente. Mas também para dizer que é uma semana que não se repete. Estes relatórios, estas formações, muitas das reuniões... não terei que ter tantas, tão depressa. E quando as tiver será com muito mais conhecimento de causa.

Mas uma coisa te digo, tem sido fácil perceber porque é que o Tesco tem apresentado resultado positivos ano após ano, mesmo com a economia a retrair. Em primeiro lugar, muito rigor e controlo nos gastos. Só um exemplo: consumíveis. Na Lloyds era a gastar. Parecia a Papelaria Fernandes. No Tesco tenho um orçamento de miséria para gastar por semana, definido anualmente, e só sobe se os números subirem. E estamos a falar de coisas essenciais: etiquetas, tinteiros... É a esticar. E a mesma ideia serve para horas-extra do pessoal, níveis de stock, rigor no endorsing, escolha do pack-size de medicamento mais barato pelo Drug Tariff... E depois uma máquina enorme de pressão a empurrar para as receitas. Todos os dias, há duas reuniões de 5-10 minutos com todos os gestores do supermercado (Team 5) para olhar para os números e perceber onde é preciso pressionar. Uma organização muito rigorosa.

Enfermeiro - Depois deste testamento não sobrou muito para ti, pá. Olha... boa sorte com a tua mudança.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vai para aqui uma luta...

Isto de estar sempre disponivel para a mudança e de querer sempre ir em busca de melhor, nem sempre sai bem. Faço o mea culpa: foi um erro deixar a Lloyds. Ou melhor, o erro não foi deixar a Lloyds. O erro foi ir para o Tesco. Vidinha dura, pá! Se a tiver de resumir em duas frases sãos as seguintes: 

- Trouxe mais trabalho para casa (relacionado com farmácia), na última semana, do que em 6 anos de trabalho.

- Fiz mais horas-extra por minha própria vontade (leia-se: para o tecto), na última semana, do que em dois anos e meio de UK.

Ganha-se mais mas é AINDA mais tirado do corpo.

sábado, 14 de abril de 2012

Só para dar notícias

Uma moedinha de libra por cada mail do meu chefe... Era tudo o que eu precisava para pagar umas boas férias daqui a uns meses. Rai's parta o homem e mais os relatórios e os números e os orçamentos e os targets!

De facto isto não é o sossegozinho que eu pensava que ia ser. Corro menos risco mas a pressão não baixou. É diferente, vem de cima e não dos utentes mas não baixou.

Entretanto estive em Portugal no último fim de semana, para a despedida de solteiro do César. Boa "coboiada" que aquilo foi! E saí com a sensação de que se rebenta uma guerra em Portugal, tenho que me alistar na infantaria... Sou o melhor e o segundo melhor (como diria o meu amigo Zé Rui) paintballer desta molhada aqui em baixo. O casório é daqui a três semanas. Lá estaremos!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lloyds vs Tesco - III

Depois há as pequenas diferenças.

No Tesco, depois de um incidente grave em 2008, nenhum farmacêutico pode trabalhar mais de seis horas sem ter uma pausa. Ora, ter uma hora de almoço é um luxo: desligar completamente do trabalho, sentar e comer sem olhar para o relógio ou sem ser interrompido é coisa que, excluindo as férias, não fazia há dois anos e meio. Além disso, todos os Tesco têm uma sala grande para o pessoal, com televisão e cantina. Cantina de qualidade, com comidinha fresca a ser cozinhada e ao preço da "uva mijona". Almoço com entrada, prato principal, prato self-service de salada e fruta/sobremesa por £1.5 - £2.0. Água, sumo, chá e café são gratuitos. E a comidinha tem qualidade... para Inglaterra: há sempre salsicha e batata frita, mas também costumam cozinhar um pratinho para gente normal.

Quanto ao horário, ainda só fiz manhãs, mas gosto. Acordo às 5h30m e às 6h30m já estou, em Quedgeley, à procura do Duty Manager, para lhe pedir a chave da farmácia. Até às 8h00m não aparece ninguém o que dá para dar seguimento a alguma papelada. Depois até às 12h30m trabalha-se mas quatro horas e meia seguidas são brincadeira. Às 12h30m chega outro farmacêutico e eu sou obrigado a parar porque já lá estou há seis horas. Em geral, não demoro uma hora a almoçar e aproveito o tempo em que estamos dois para fazer uns serviços com os utentes, tratar de papeladas e fazer as reuniões do dia. Às 15h30m o outro farmacêutico tem de parar (porque depois vai ficar até às 22h30m), eu volto para as receitas e quando ele regressa, às 16h30m, eu "dou de frosques". Inevitavelmente, às 23h já tenho sono.

E ao fim se uma semana é o que temos.

Lloyds vs Tesco - II

No entanto, se o trabalho "de farmacêutico" é muito menor, o trabalho "de gestor" é incomparavelmente maior. Na Lloyds, todas as farmácias têm um Shop Supervisor que retira dos ombros do Manager grande parte do trabalho de gestão. No Tesco, não é assim. 
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Diariamente tenho de verificar mails, ler relatórios de vendas, criar planos de desenvolvimento, seguir orientações centrais, organizar a rota, contratar locums, conversar com a equipa da farmácia, reunir com os gestores do supermercado (há uns 10 gestores diferentes, além do director-geral), esmifrar os gajos do orçamentos, levar nas orelhas do Regional Pharmacy Manager (RPM), orientar as férias do pessoal e, no meu caso, por estar numa farmácia onde sou novo, organizar algumas papeladas que por lá estavam por organizar. Recebo novas tarefas, através de um sistema central da companhia, todos os dias. 
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No sábado passado, por exemplo, tive um locum que me cancelou o booking do próximo sábado. Passei a tarde a ligar para farmacêuticos a ver se desenrascava um sem ter de ligar a uma agência (por questões de orçamento). Quase todos estavam já ocupados ou tinham programado fim-de-semana prolongado. Finalmente às 16h, arranjei um, mas só estava disponível para começar, sábado, às 14h, porque trabalhava, em Bristol, até às 13h. Ora como o farmacêutico da manhã começa às 6h30m e no Tesco não pode trabalhar mais de 6 horas sem descanso, tive de andar a mendigar a uma farmacêutica amiga para me ir fazer das 6h30m às 8h00m, depois mudei o que entrava às 6h30m para entrar às 8h00m e assim o outro já podia chegar à 14h.
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No domingo, estava a jantar e recebi um mail do RPM a dizer que uma dada tarefa tinha que ser feita até terça de manhã. Segunda estive de folga, terça de manhã ainda não tinha user pass para o sistema central. Passei a manhã a chatear gente no supermercado até ter user e pass no sistema, depois passei uma horita a fazer a tal tarefa e saí de lá com uma moral do caneco. Cheguei ao carro e tinha 5 mails do RPM com mais uma data de coisas para fazer.


É esta, portanto, a maior diferença: menos farmacêutico mais burocrata gestor. Não desgosto. É coisa que me assenta bem porque sou um gajo organizado e bom a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Sou melhor nisso que a nível clínico.

Lloyds vs Tesco - I

Ora bem, Lloyds vs Tesco. 

Para começar há uma diferença enorme que salta à vista: tenho muito menos trabalho clínico para fazer. Como o volume de prescrições é bastante menor, a quantidade de medicamentos que verifico diariamente é consideravelmente menor. Isto é bom porque não trabalho sob tanta pressão e portanto corro menos riscos.

Depois, o Tesco não tem serviço de dossette-boxes. É um serviço fantástico para os utentes mas é um trabalho muito cansativo e de elevada probabilidade de erro para o farmacêutico. Depois da verificação clínica ainda ter de verificar, com pinça, dezenas de buracos com 8-10 comprimidinhos, quase todos iguais, num ambiente de movimento e onde ainda se é responsável pelo que se está a passar a 3 metros de distância, não é tarefa agradável. Sinceramente, fico feliz por nao ter esse fardo.


Outra: o Tesco não tem o sistema automático de encomenda de prescrições. Funciona bem no papel, mas na realidade defrauda as expectativas dos utentes, cria más relações com os centros de saúde, gera reclamações e tudo isso acaba nas costas do manager. É óptimo para o negócio mas péssimo para a imagem da empresa e, principalmente, do farmacêutico responsável.