domingo, 30 de outubro de 2011

Mudança da hora - A grande diferença entre nós

A mudança da hora, ocorrida esta noite, serve bem para ilustrar a principal diferença entre mim e a Vanessa. Nenhum dos dois está certo. Apenas diferentes na maneira como ambos erramos. Passo a explicar.

A hora mudou esta noite em muitos países. Excepto para a Vanessa. Como não podia deixar de ser, não sabia de nada. Descobriu hoje de manhã.

Eu não fiz melhor. Com a mania de tratar de tudo, mudei manualmente a hora do iPhone. O pior é que o telemóvel está programado para o fazer automaticamente. Resultado: o meu relógio foi mexido duas vezes e acordei, atrasado, com o treinador do Kendal Road a ligar-me a perguntar se sabia onde era o campo. Ao que a Vanessa responde: a hora mudou?

No fundo, nenhum está certo. Estamos é errados, cada um à sua maneira.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Últimos cartuchos de 2011

Vou a casa este fim de semana. Aproveito e queimo a última réstia de férias.

Chego amanhã e fico até quarta-feira: nos primeiros dias estarei com a malta da faculdade em mais um típico "Fim-de-semana Pharmaoestiano", domingo à noite chego a Coimbra e quarta arranco, de Lisboa, rumo a Gloucester.

Quanto a regressos a Portugal, depois disto, só a 30 de Dezembro.

Casa da Ilha. Expectativas: elevadas

domingo, 16 de outubro de 2011

Portugal vs UK... de novo

Sai post sobre diferenças entre Portugal e o UK.

Hoje vou escrever sobre uma questão social que é muito diferente no UK, daquilo que estamos habituados a ver em Portugal. Trata-se da relação pais-filhos.

Aqui o normal é que, no máximo, aos 16 anos um jovem comece a trabalhar. Mais: com o dinheiro desse trabalho é suposto começar imediatamente a ajudar em casa, pagando renda aos próprios pais. Mais: se quiser continuar a estudar tem de conseguir acumular o estudo com o trabalho e, caso queira ir para o ensino superior, tem de estar preparado para suportar, sozinho, os enormes custos que isso acarreta (e estamos a falar de propinas que custam, em média, sete ou oito vezes mais do que as propinas em Portugal).

É, provavelmente, por tudo isto que apenas uma minoria pensa em, terminado o secundário, seguir com os estudos. É muito difícil para jovens de 17/18 anos, trabalharem e estudarem ao mesmo tempo e ainda arranjarem dinheiro para pagar propinas, renda aos pais e os seus próprios gastos. Muitos dos que conseguem, fazem-no à custa de empréstimos bancários que depois ficam a pagar durante os primeiros cinco a dez anos de trabalho.

Já me deparei com o cúmulo de uma miúda com os parafusos no sitio (são muito poucas por Gloucester mas ainda se encontram de vez em quando), trabalhadora, dedicada, que faz uma série de horas em várias Lloyds e que anda a tentar estudar, andar à rasca de dinheiro. Tão à rasca que passa a roupa a ferro à avó e limpa-lhe a casa a troco de... esperem... esperem... sentem-se bem: £6.00 à hora. Foda-se!!! SEIS LIBRAS À HORA para andar a esfregar chão e passar a ferro. E é avó... Imagino se não fosse. E a velha nem um tusto a mais lhe dá. Pior: os pais vão para aí uma duas vezes por ano ao Egipto passar uma semana. Portanto não estamos a falar de gente que ande propriamente à rasca. E a miúda é aplicada. Dá o litro. Chego a ter pena. 

De modo que, desta vez publicamente, deixo aqui um grande agradecimento a "papai e mamãe" por me terem dado as duas melhores prendas que uns pais podem dar: uma boa educação e a oportunidade de estudar. Bem hajam.

sábado, 8 de outubro de 2011

Her Majesty's Prision - Gloucester

Desde há um ano e pouco, quando comecei em Longlevens, que faço a gestão de um contrato entre a Lloyds e a HMP Gloucester (aka a Prisão).

Até agora, apenas lidava com o trabalho que nos chega à farmácia diariamente: a dispensa da medicação para cada um dos prisioneiros (com algumas diferenças da dispensa normal ao público, por razões óbvias), a gestão do stock próprio da Prisão e a gestão de problemas do dia-a-dia. A partir da semana passada, passei a fazer mais: passei a fazer uma visita semanal, de três horas, à Prisão.

Durante a mesma, agarro nos ficheiros dos prisioneiros e procuro verificar se todos os registos feitos pelas enfermeiras e médicos está a ser o legalmente exigido, se há algum problema clínico relevante e se há casos de despedicio. Ou seja, além da verificação clínica, pedem-me, agora, que investigue e questione qualquer caso onde as directrizes de prescrição não estejam a ser seguidas ou onde não se esteja a utilizar o medicamento mais barato para tratar uma condição. Pedem-me também que verifique se há desperdício por excesso de prescrição (integrando a informação das quantidades prescritas, a posologia, a condição a tratar, o preço do medicamento e os dias que o prisioneiro ainda vai passar na Prisão). Finalmente, tenho de agarrar em toda a informação recolhida e tratar aquilo estatísticamente para que a Prisão receba, semanalmente, um relatório do meu trabalho.

Além disto, tenho ainda que fazer qualquer auditoria que a Prisão queira relacionada com medicamentos. Por exemplo, os gajos querem saber que percentagem de prisioneiros estão a tomar benzodiazepinas e, destes, quantos estão a diminuir a dose para serem retirados da medicação. Lá vai "o surdo", agarra em 100 ficheiros de prisioneiros, verifica o que lhe pediram, recolhe a informação, faz umas contas e apresenta-lhes aquilo numa tabela bonitinha.
  
Por fim, tenho que dar resposta a diversas tarefas que me apresentem, relacionadas com medicamentos. Por exemplo, a semana passada, pediram-me que lhes arranjasse um documento de consulta rápida para cada uma de uma série de doenças crónicas: três/quatro páginas sobre fisiopatologia, causas, factores de risco, sinais, sintomas, valores de referência e tratamento de asma, diabetes, hipertensão e mais uma ou duas. Podia-lhes ter dado para pior!

Sentar-me com os prisioneiros, a rever a medicação com eles, é algo que já me foi mencionado mas ainda não foi, claramente, pedido.

Finalizada a visita, e uma vez que o contrato de cinco anos acaba daqui a seis meses, a própria Lloyds quer eu mantenha registos de toda a actividade: qualquer questão levantada tem que ter um formulário preenchido, por mais pequena e solucionável que seja, para que eles possam provar o trabalho que o farmacêutico anda a fazer. O que faz com que, depois das três horas de visita ainda tenha de me sentar na farmácia a registar tudo o que foi feito. 

E é isto que eu tenho andado a fazer. Mais trabalho nas primeiras semanas, pois estive a criar alguns documentos que me vão ajudar. Agora é só usar esse trabalho que já alinhavei e ir lá, semanalmente, fazer o que tem a ser feito.

domingo, 2 de outubro de 2011

Onda de calor


Os termómetros tem chegado aos 28ºC, em Gloucester, nos últimos quatro dias. O céu está limpo, não há nuvens e os dias estão cheios de luz.

Os ingleses acreditam que o Apocalipse está a chegar.