Desde há um ano e pouco, quando comecei em Longlevens, que faço a gestão de um contrato entre a Lloyds e a HMP Gloucester (aka a Prisão).
Até agora, apenas lidava com o trabalho que nos chega à farmácia diariamente: a dispensa da medicação para cada um dos prisioneiros (com algumas diferenças da dispensa normal ao público, por razões óbvias), a gestão do stock próprio da Prisão e a gestão de problemas do dia-a-dia. A partir da semana passada, passei a fazer mais: passei a fazer uma visita semanal, de três horas, à Prisão.
Durante a mesma, agarro nos ficheiros dos prisioneiros e procuro verificar se todos os registos feitos pelas enfermeiras e médicos está a ser o legalmente exigido, se há algum problema clínico relevante e se há casos de despedicio. Ou seja, além da verificação clínica, pedem-me, agora, que investigue e questione qualquer caso onde as directrizes de prescrição não estejam a ser seguidas ou onde não se esteja a utilizar o medicamento mais barato para tratar uma condição. Pedem-me também que verifique se há desperdício por excesso de prescrição (integrando a informação das quantidades prescritas, a posologia, a condição a tratar, o preço do medicamento e os dias que o prisioneiro ainda vai passar na Prisão). Finalmente, tenho de agarrar em toda a informação recolhida e tratar aquilo estatísticamente para que a Prisão receba, semanalmente, um relatório do meu trabalho.
Além disto, tenho ainda que fazer qualquer auditoria que a Prisão queira relacionada com medicamentos. Por exemplo, os gajos querem saber que percentagem de prisioneiros estão a tomar benzodiazepinas e, destes, quantos estão a diminuir a dose para serem retirados da medicação. Lá vai "o surdo", agarra em 100 ficheiros de prisioneiros, verifica o que lhe pediram, recolhe a informação, faz umas contas e apresenta-lhes aquilo numa tabela bonitinha.
Por fim, tenho que dar resposta a diversas tarefas que me apresentem, relacionadas com medicamentos. Por exemplo, a semana passada, pediram-me que lhes arranjasse um documento de consulta rápida para cada uma de uma série de doenças crónicas: três/quatro páginas sobre fisiopatologia, causas, factores de risco, sinais, sintomas, valores de referência e tratamento de asma, diabetes, hipertensão e mais uma ou duas. Podia-lhes ter dado para pior!
Sentar-me com os prisioneiros, a rever a medicação com eles, é algo que já me foi mencionado mas ainda não foi, claramente, pedido.
Finalizada a visita, e uma vez que o contrato de cinco anos acaba daqui a seis meses, a própria Lloyds quer eu mantenha registos de toda a actividade: qualquer questão levantada tem que ter um formulário preenchido, por mais pequena e solucionável que seja, para que eles possam provar o trabalho que o farmacêutico anda a fazer. O que faz com que, depois das três horas de visita ainda tenha de me sentar na farmácia a registar tudo o que foi feito.
E é isto que eu tenho andado a fazer. Mais trabalho nas primeiras semanas, pois estive a criar alguns documentos que me vão ajudar. Agora é só usar esse trabalho que já alinhavei e ir lá, semanalmente, fazer o que tem a ser feito.